terça-feira, 12 de outubro de 2010

Feliz dia das Crianças... mas que crianças?

Estou indignada após ver este vídeo. Sinceramente não sei se quero ter filhos depois de ver isso.


Vi este vídeo no blog "Esmaltes da Ana", só pra constar os créditos.

Enfim, acho um abuso meninas tão novas dizendo que tem inveja da Juliana Paes, que preferem ver TV a brincar. Tenho medo de ter filhos não pela educação que vou dar a eles, mas o medo de deixá-los ir à escola e se influenciarem por este tipo de criança. Estou chocada em saber que 80% das compras de uma casa é decidida pelos pequenos. Na minha época - sou velha, tenho 26 anos - eu nem ia no mercado junto com a minha mãe e se fosse, não ganhava nada, nem se implorasse. No máximo uma barra de chocolate, e olhe lá. Salgadinho depois de um tempo admito que fiquei IXPERRTA e comecei a pegar eu mesma, mas no geral quem decidia se eu podia comer ou não era minha mãe.

Ninguém aqui é hipócrita, todo mundo sabe que criança e adolescente sabe ser bem cruel SIM! Eu mesma cansei de ser hostilizada no Ensino Médio porque minha mãe não me deixava sair por aí com calça cintura baixa, porque tinha espinhas, porque era um absurdo não ser a gostosona da classe e ainda ter  a cara de pau de repetir roupa. E isso em 1998, 1999. Fico pensando o lixo que devem estar as escolas hoje.

Ganhei minha primeira calça de grife aos 15 anos, mas só porque era meu aniversário, meu primeiro salto - se é que dá pra chamar 4cm de salto - também aos 15. E ficou por isso. Na minha casa se a gente quisesse roupa tínhamos que nos contentar com Renner e C&A e nem era pela falta de dinheiro, mas sim porque minha mãe achava um absurdo dar 400 dinheiros numa calça pra alguém de 15, 16 anos que nem terminou de se desenvolver ainda.

Na época achava ridículo minha mãe pensar assim. Afinal toda a minha classe tinha roupas de marca. A primeira vez que fui ao salão fazer as unhas, também tinha 15 anos. Nunca tinham mexido nas minhas cutículas. Pintar o cabelo? Vocês vão rir: fiz minhas primeiras luzes em abril deste ano.

Hoje eu agradeço a minha mãe por ter arrancado o esmalte azul das minhas unhas na sexta série, por não ter deixado eu sair por aí com calça tão baixa mostrando a piriquita - hoje a maioria das garotas que conheço tem duas cinturas. Eu não tenho. Valeu mãe! Você me deixou ser CRIANÇA até o final da infância.

Esses tempos vi uma cena que me deixou nude: estava no shopping estação e vi uma menina de uns 12, 13 anos no máximo, COM OS PAIS - que fique bem claro - usando uma dessas calças justas que imitam couro, marcando o já aparente bumbum,  um saltão imenso, maquiagem, as unhas enormes. Depois, uma mini bisca dessas aparece grávida em casa e os pais ficam se perguntando aonde erraram.

Aliás isso me lembra outra cena que vivi: minha mãe tinha uma loja de gestantes, e entrou uma senhora com a filha, que também deveria ter no máximo 14 anos. Olharam todas as roupas e a senhora falou:

_Mas essas roupas são todas de velha! Não tem nada pra idade da minha filha aqui?

Fiquei quieta, mas minha vontade foi responder:

_Bom, as fábricas que fazem essas roupas imaginam que meninas de 14 anos mal largaram as Barbies e não que estão dando por aí e engravidando, sabia? Quem está errado aqui?

Enfim, fica a reflexão.

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS

ou do que restou delas.

twitter: @denovodezoito

Christina


2 comentários:

Renata disse...

to lendo pela segunda vez do tanto que eu me identifiquei.

também era a nerd que não podia usar calça mostrando a calcinha. e também agradeço à minha mãe por isso.

hoje as meninas que mostravam as delas no meu colégio são trubufus com cara de 40 anos!

Raquel B. R. disse...

Hahaha... Considerando que éramos amigas no Expoente, nessa época fatídica no segundo grau, é óbvio que me identifiquei, né?
Também acho que criança tem que ser criança.
Eu usava SÓ roupas de criança MESMO (aqueles short-saia cor de rosa, vestidinho rodado com frutinhas, blusa com desenho animado) até uns 10 anos de idade, pelo menos. Depois foi para calças jeans (também sem ser daquelas cinturas baixíssimas, razão pela qual tb não tenho aqueles pneus bizarros), saias jeans e camisetinhas. Nada comparável a esse fenômeno que a gente vê por aí, dessas mini-mulheres apavorantes!!! Eu parecia criança quando tinha que parecer, e também adolescente quando tinha que ser. Por mais que às vezes eu tenha ficado chateada por ter a liberdade um pouco cerceada (a pressão dos outros na adolescência é f%$#), sempre preferi confiar no bom senso da minha mãe - o que penso ter sido o melhor pra mim!
A sociedade é tão terrível hoje (a conhecida hipermodernidade, em que não basta só ter uma qualidade: tem de se ter quase todas, em superlativo, ser O melhor, destacar-se na multidão) - pra quê apresentá-la a quem só deveria ter uma pálida ideia do que ela é, priorizando sonhos e fantasias?
Beijos, Jules!!! Adoro sempre poder refletir um pouco sobre a vida ao ler os seus posts!

 

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