quarta-feira, 28 de abril de 2010

Uma amiga imaginária

Adendo: De volta, após quase uma semana de sumiço. As provas acabaram hoje e eu estou LIVRE, finalmente. Posts diários, novamente.

Quando era pequena - não que eu tenha crescido muito - tinha uma amiga imaginária, chamada Alice. Não lembro de nada disso, mas minha mãe afirma que, quando eu fazia algo errado, eu simplesmente dizia:

_Mas, mamãe! Não fui eu. Foi a Alice!

No jardim II - eu lembro disso, juro - conheci uma Alice de verdade, e ela se tornou uma boa amiga durante alguns anos, para depois simplesmente sumir por aí. Quando mudei de escola, anos mais tarde, levei um susto. A morena de cabelos pretos estava lá novamente. Éramos muito diferentes, de fato. Sempre fui a menor, a mais magra e a mais feia. Alice não. Aos 13, pintava os cabelos de preto azulado e já tinha seios. Eu não tenho seios até hoje, mas veremos se este ano finalmente poderei comprá-los.

Engraçado como o nome Alice me persegue. Na quinta série lemos uma versão de Alice no País das Maravilhas para a escola. Mas eu nunca fui uma mega, mega fã. Curtia, é claro. É um nome que sempre me seguiu, e vai ser o nome da minha filha, ou do meu cachorro, caso eu não tenha filhas.

No segundo grau realmente achava tudo relacionado ao tal país muito interessante, de fato. Confesso que era pra me dar um ar pseudo cult mentiroso que cultivo até hoje. Falo com maestria de livros que não li, filmes que não vi e lugares que nunca visitei, como se tudo tivesse me pertencido, ou ao menos visto pelos meus olhos hipermétricos uma vez na vida. Em alguma altura do segundo grau (ensino médio de cu é rola, bonito mesmo era quando se chamava científico), lembro de Raquel - grande amiga até hoje - num momento de racionalidade (sempre) disse que finalmente entendia meu relacionamento com Alice.

Em momentos oportunos me recusava a ver a realidade e preferia deitar nas flores, ou simplesmente seguir o coelho branco ao invés de crescer e encarar certas coisas de frente. Eu tinha meu próprio País das Maravilhas, e, às vezes, ele atrapalhava as outras pessoas. Acho que atrapalhou a Raquel um tempo, pois ficamos uns meses afastadas. Sou rancorosa e, lembro que, quando chegamos na faculdade, se ela não tivesse corrido atrás de mim, e me feito enxergar que o que passou passou eu teria perdido uma pessoa como ela, um porto seguro de segurança (dããã) e racionalidade, que me puxa de volta da toca do coelho quando é necessário. Acho que completamos uma à outra e é por isso que somos amigas.

Meu espaço com flores cantantes se torna grande demais e então eu fico lisergicamente - inventei agora - cega quando não devo, rodando em círculos, falando com gente que eu deveria descartar e descartando gente que eu deveria amar. Todos os dias peço pra serelepe Alice ir embora, e tem dias que ela vai mesmo, para no outro dia bater no meu portão, dizendo que faz parte de mim e de minha essência, e que me deixar seria suicídio.

Meu, e dela.

E vocês, tem alguma "Alice"?

contem tudo!


Chris



3 comentários:

Cris Medeiros disse...

Eu trabalho com uma Alice, igualzinha a do país das maravilhas... rs... Ela acredita que todos são bons, que o mundo é perfeito e que tudo vai dar certo, meio Poliana mesmo... rs... Mas tb Alice... rs

Eu já não tenho ninguém assim no meu círculo de amizade! Acho que eu sou um choque de realidade ambulante... rs... Então só atraio gente assim... rs

Beijocas

Raquel B. R. disse...

AMEI o post!!!
Muito lindo o texto!
Mas seu "jeito Alice" não atrapalha ninguém, imagina! No nosso caso, ao menos, houve apenas um choque entre duas visões de mundo, como vc bem descreveu no post. E agradeço muitíssimo por ele, pois tenho certeza de que ele me fez - e me faz, até hoje - ser uma pessoa melhor!
Beijão!!!

Marielle Alves disse...

Blogando no blog de uma amiga - quase uma redundância o que acabei de falar (rs) - fiquei realmente curiosa e vim parar neste post.

Gostei muito do texto, Jules! Eu não tenho o nome próprio da minha amiga imaginária, mas a reconheço por consciência ou algum termo criado por Freud. hehehe

Traçando o perfil psicológico do ser imaginário que dialoga muitas vezes comigo, penso que ele é a parte que me completa no que sou. Tipo,
tem hora que penso em coisas boas e utópicas demais das pessoas, aí, a pequena voz (para não confudir com vó - 'a'vozinha...) me fala "Hello! Hora de aterrisa-ar". rs

Enfim, para mim, essa outra voz, na verdade, é a dualidade do que sou.

Bju para quem leu esse comentário enorme! ^^

 

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